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terça-feira, 19 de maio de 2015

De volta ao passado#23- Ser SUFICIENTE #2

Parte 1          Parte 6          Parte 11          Parte 16        Parte 21
Parte 2          Parte 7          Parte 12          Parte 17        Parte 22
Parte 3          Parte 8          Parte 13          Parte 18
Parte 4          Parte 9          Parte 14          Parte 19
Parte 5          Parte 10        Parte 15          Parte 20

Claro que a rotina manteve-se, em dias alternados, ou de manha ou de tarde estava com um ou com outro, agora com a vantagem de poder mimar o meu menino em casa, sem alarmes, sem enfermeiros, sem batas, sem cheiro a álcool desinfectante.
Quando ia ter com a Periquita, o Pimpolho ficava aos cuidados da minha mãe ou a minha sogra, foram sem duvida um pilar seguro, nesta travessia, sabia que ele estaria bem e em segurança, (nada melhor, do que avós babadas, para esta tarefa).

Em Coimbra, a Pimpolha continuava na UCI, passaram-se 10 dias e ainda não pude dar colo a minha menina, poderia ser doloroso para ela, diziam os enfermeiros.
A medicação que lhe é dada para manter o seu canal arterial aberto (é uma conexão entre a aorta e a artéria pulmonar, que em casos normais, depois do bebé nascer, fecha) para que o seu sangue vá buscar oxigénio aos pulmões, visto que a sua artéria pulmonar está fechada, tem imensos efeitos secundários.
O Prostin (ou Prostaglandina), que lhe é administrada por entra-venosa, dia e noite, ajuda a estabilizar a sua saturação, mas existe um senão, ela pode desenvolver artrose, na junções dos ossos, insuficiente renal e mais um bilião de outras coisas.
Então como não havia meio de saber se ela sentia ou não dor quando mexida, partias-se do principio que sim.

Um dia, uma enfermeira, perguntou-me se já tinha pegado nela, respondi que não, tinham explicado que podia aleija-la. Então, muito segura de si, a enfermeira, aproximou-se e disse que hoje era o dia, só tinha de ter muito cuidado para não me mexer com ela ao colo, como ela a pusesse nos meus braços. como tinha de ficar.
Assim foi..., parecia um ratito, toda embrulhada na manta para não ter frio, só se via a cabeça, abriu um olho, depois outro, mas deixou-se estar, não chorou, não reclamou. Eu, pelo contrario, chorei, as lágrimas caiam, uma após a outra, pude abraça-la, cheira-la até cantei para ela, o pai estava comigo nesse dia, com ajuda da enfermeira, ele também pode pega-la.
A emoção naquele quarto, era tal, que parecia que o tempo tinha parado, que só la estávamos os 3, ela agarrou-nos, ela sabia, que estávamos ali, por ela, para ela, até..., até ela não aguentar mais e sua saturação começou a baixar, o alarme fazia-se ouvir em toda parte, a enfermeira com muito cuidado colocou-a de novo no seu berço, ela acalmou, a saturação subiu.
Foi um dia marcante, mas soube, dentro de mim, que a nossa menina, sabia que ali estávamos, sabia, que lutava-mos por ela.
Os dias seguintes, pegava nela dia sim, dia não, nem que fosse só 2mn, para ela não se cansar ou sentir dor. Passava os dias a olhar para ela, relatava-lhe as travessuras do irmão, cantava, ajudava a dar o leite, a trocar a mini-fralda, que mesmo assim quase lhe servia de vestido. Fazia tudo aquilo que me era permitido.
O alarme da saturação, soava vezes sem conta, chegou a tempo, que já reconhecia quando era o seu alarme ou de outro bebé. Ela estava monitorizada, pela ala todo do UCI, onde quer que houvesse um ecrã,  os enfermeiros tinham, logo acesso aos seus valores, para poder acudi-la, o mais rapidamente possível, se fosse necessário.

Os médicos ainda não tinham conseguido ajustar a dose certa de Prostin, as oscilações da sua saturação indicava isso, mas também podia indicar que o seu organismo estava a criar uma habituação a medicação, que podia levar ao fecho do seu canal arterial e isso não podia acontecer.
Tudo era medido, contabilizado e contado, a quantidade de liquido ingerido (medicação inclusive), peso da urina (todas as fraldas eram pesadas), para evitar a todo custo que fizesse uma hipertensão, para ajudar a que só fica-se os líquidos necessários para o seu desenvolvimento, para isso fazia, também um diurético.
Isto tudo implicava, que o seu aumento de peso fosse sempre pequeno, em dias bons, metade do aumento dum bebé saudável.

Até, que houve um momento, em que ela quis baixar os braços, a minha Princesa devia estar cansada e deixou-se ir, a sua saturação desceu a pic, entra um batalhão de enfermeiros, médicos, com ecógrafas, com agulhas, com tudo...
Um dos médicos diz, para darem dose maiores de Prostin, ela demora a reagir, mas volta, era uma confusão, mas é isto que recordo. Lembro, que saíram cabisbaixo, tinham receio que ela não aguenta-se, que todo este esforço, o dela, o deles, fosse em vão.

Ela já tinha conquistado o coração do toda aquela equipa, agora ela, tinha de fazer a parte dela, lutar!
Juntas, expliquei, falei, mimei, ela tinha de lutar, ela tinha de conhecer a nossa casa, os tios, os avós, todos a queríamos muito ao nossa lado, agora filha, está nas tuas mãos, não desistes, nunca, tu és melhor que nós todos, tu és mais forte do que nós, do que eu, preciso de ti, je t'aime mon bébé, dizia-lhe eu.

E ela lutou!

*Continua

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Saber o certo, medo do incerto!!!

Sexta-feira passada, fomos há mais uma consulta de cardiologia da Princesa.
A consulta deveria ter sido só um Julho, mas telefonei a medica, pedi para adiantar a visita, expliquei os sintomas, respiração mais acelerada, transpiração, lábios, língua e unhas, mais roxas do que é habitual.
Ela, de inicio achou que poderia estar a exagerar, não a condeno, ela conhece-me, sabe que sou um pouco o ansiosa, hipocondríaco até com os meus Rebentos. Mas ela percebeu pela a minha voz que era mais o que isso, agendou uma visita num dia em que estava de plantão, assim poderia ver com calma a eco, sem pressas, sem mais meninos para atender em consulta externa. Para poder ver se os meus receios estavam certos, se JÁ era necessário novos procedimentos, para nova cirurgia.

Ao chegar, fomos ver o nível de saturação da Periquita, ela nunca pára quieta e por muito que já saiba e até já dá o dedo para por o sensor, sem ninguém lho pedir, é difícil fazer-lhe a medição. A primeira vez deu-nos um valor de 90%, o que seria óptimo, mas eu sabia que o valor era bem mais baixo.
A médica depois de olhar para ela, também achou muita fruta, mas iríamos confirmar melhor a situação com a eco.
Por muito que eles (médicos) me explicam onde está o quê, (porque sou mega curiosa e faço todo o tipo de perguntas e eles sempre responderam e explicaram, com imensa bondade), eu não consigo visualizar nada de concreto num ecocardiograma, mas uma coisa eu soube, antes de a medica dizer o que quer que fosse, a irrigação do sangue no tubo (Shunt), posto na primeira cirurgia da Periquita, já não se fazia ouvir tão bem, sei-o porque o som, era mais meloso, mais demorado.
A medica, fez aquilo que tinha a fazer, depois disse-nos, que o Shunt, (tal como eu previa)já estava a ficar pequeno e tortuoso, então a irrigação já não se fazia como deve ser. Ligou ao seu superior, explicou o que viu, decidiram.
Temos de voltar o mês que vem, fazer nova analise da situação e aí será decido quais os exames a serem feitos e o mais importante, qual das cirurgias possíveis, poderá ser feita, tendo sempre em conta, a VIDA da nossa filha.

Todos nós, (nós família e equipa medica), sabíamos que iria acontecer, era um facto, uma certeza, que este Shunt, iria ficar cada vez mais pequeno, enquanto ela, cresce ele, diminuiu a sua capacidade e deixa de ser suficiente para ela.
Sabíamos que não era uma solução definitiva, foi uma cirurgia paliativa, diziam eles há precisamente 18 meses e 18 dias, mas o importante é ela crescer para podermos saber com o que contar.

Agora estou de volta ao estado de ansiedade, com medo do que é certo, com medo de voltar a vê-la entrar por aquelas portas que davam ao corredor das salas de cirurgias, medo que nada disto seja suficiente, uma cirurgia é sempre uma cirurgia, onde tudo pode acontecer... .

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Festança?????

Há uns dias atrás escrevi sobre dormir, ou a falta que me faz.

Hoje chego ao trabalho e cá vai disto, o primeiro comentário da manhã, quando um amigo olha para mim:
"É la! Tens dormido?? É que tas com cara de quem foi a Kiay, (discoteca cá da zona), saiu de la as 6h da matina, ainda passas-te pelo café para beber umas bejecas e vieste directo pó trabalho!"

A minha resposta:
" Kiay são os meus filhos, as cervejas, são as horas e horas que devo a cama"

Ela ainda comentou comigo, que quando a mulher dele estava neste estado de, falat de sono, só com um filho, lhe disse, que gostava que lhe disse alguma coisa, que não fosse muito grave, só para estar no hospital, para dormir uns 3 ou 4 dias seguidos.

Como compreendo essas sensação, de querer fugir, so para podermos descansar sem qualquer preocupação!

Amo os meus filhos, mas preciso, não de tirar umas horas, mas sim, uns dias para dormir!


quinta-feira, 14 de maio de 2015

Mutação Corporal (a culpa disto tudo é da porcaria das hormonas!)

Não sei se aconteceu com você, mas hoje em dia, quando olho para o espelho, ainda não consigo identificar-me, vejo que estou ali, algures, mas parece estar como que perdida.
Nunca fui alta e espadaúda, nem louro de olho azuis, sou mesmo um protótipo nata português, de buço e tudo!

A adolescência veio..., e pardais ao ninho...., tinha de fazer algo ao terrível buço, para a minha própria sanidade mental, (sabemos como as crianças conseguem ser maldosas).
Portanto recorri ao lazer, o meu bom e fiel amigo, ao fim de 3/4 sessões, só se avistava uma ligeira penugem louro e feliz eu fiquei com o resultado obtido, o mundo girava bem melhor para mim!

Passado alguns anos, fiquei gravida, ah e tal no inicio foi um choque, depois agente habitua-se a ideia que são dois e a gravidez até que não foi má, até foi óptima, (tirando um percalço ali ou acolá).
As hormonas, foram extremamente simpáticas, durante o processo de gestação, não tinha desejos das 2h da matina, enjoas, um ou dois, sempre bem disposta, sem cansaço, melosa, chorosa (mas isso já sou de ginjeira) e o melhor de tudo, e digamos de passagem, a melhor fase da vida do meu Homem, a minha libido estava ao rubro, nem eu me reconhecia.

Pormenores sórdidos aparte, o que isto tudo tem em comum?? Bem, meus queridos(as), tem tudo!!!
Depois dos rebentos nascerem, as simpáticas e adoradas hormonas, pregaram-me umas rasteiras, hoje, depois de 21 meses de ter "parido", continuo desajustada!

É a escolha do freguês, temos:
um cabelo que antes era castanho claro, com tons natural de louro e cobre, agora..., agora é castanho escuro e sem vida! Para ajudar a festa, era um cabelo liso, pois! Por hora, nem é liso, nem encaracolado, ele parece ter ganho vida própria, e como não sabe o que fazer, nem é, nem deixa ser (estou sim, a falar do meu cabelo!).
Depois temos a minha cara, parece que continua inchada, da treta da retenção de líquidos. Sei que ainda falta uns 5 kg, para voltar ao peso antes de ser mãe, mas por favor!!!! isto não é do peso, parece que tentaram, em vão, dar umas talochas in my face e claro desistiram antes de acabarem o trabalho, ( faz-me lembrar que o nosso pais padece do mesmo).  
Para coroar, como que a cereja no topo do bolo, o buço voltou, após anos sem nem querer saber do seu paradeiro, IS BACK!!! E com toda a pujança!

Soluções,
tentei encontra-las, cortei o meu cabelo, para dar-me um novo alento, até fiz madeixa!! Achava eu que conseguiria rever-me, depois duma mudança radical.
Redondamente enganada, o meu cabelo continue a lutar para ter vida própria. O meu querido buço, vai ter que levar mais umas sessões de lazer, para voltar a sua insignificância e não vai deixar saudades.
Agora a minha cara, bem... vou ter que esperar, que quem teve a ideia de dar umas talochadas, volte e ponha tudo no sitio certo, porque a sério, preciso de me sentir EU outra vez!!

Hormonas, vocês morderem pela calada!!!! Espero não ter de voltar a nos encontrar outra vez!!! 


quarta-feira, 13 de maio de 2015

Retrograda - Concurso de beleza Kid's

Por causa do post de ontem, e por me sentir mais aliviada, vendo que há quem concorda que temos de deixar as crianças, serem elas mesmo, crianças.

Ao lerem os vossos comentários, lembrei-me dum assunto, (que não me deixa em nada indiferente, que mexe mesmo com o meu ser), que felizmente, Portugal ainda não aderiu a esta moda e digo, ainda, porque não sabemos até onde, os canais televisivos irão para angariar audiências, mas isto é outra conversa.
Em diversos países do Continente Americano, existe um concurso de beleza exclusivamente para crianças, um tipo de Mini-Miss, concurso esse que, no meu ver, leva a beleza angelical própria e inata duma criança, num nível de ilusão e falsidade.

É um tema de muito controvérsia e ao meu ver onde ninguém se interessa realmente com o que a criança deseja ou não fazer, é um assunto, incrivelmente criticado, mas quem o defende, tem as suas certeza bem definidas, por consequente, não aceitam o mal que está ou poderá vir a fazer aos seus filhos.
As crianças, parecem autenticas bonecas e porcelana, em versão mini-adultas, com todos os apetrechos que uma mulher adulta, madura, usaria para o seu dia a dia e ainda mais.

Em 2011, no concurso "Toddlers and Tiaras" Programa televisivo norte-americano de beleza infantil, uma menina de cinco anos, apareceu no programa, como concorrente, de maquilhagem, uma peruca e um FALSO PEITO!
Ao que parece, queria fazer uma recriação da cantora Dolly Parton, a noticia encontra-se aqui.
Claro é que houve muitas criticas a mãe, por sujeitar a sua filha a tamanho "disparate",
Eu, não consigo encontrar um ponto positivo, nestes concursos, porque tudo, não passa de fantasia, de hipocrisia para chegar ao um fim, onde quem participa, as crianças, ingénuas, fazem aquilo que os pais, lhe pedem/mandam, para os deixar felizes

Será que o prémio, em dinheiro, justificam os meios??
Ou será simplesmente os pais, que tentam viver através dos filhos??Sem medirem as consequências, o impacto, que poderá ditar um futuro de ilusão a estas crianças que desde inicio, "brincam" ao faz de conta dos adultos?
Fiz pesquisar no Youtube, para saber mais sobre este assunto, acreditem, uma mãe NÃO deveria, em momento algum sujeitar seus filhos a tamanha tortura. Num video, vi uma mãe fazer chantagem com o saco de doces, para a filha de 6 anos, deixar depilarem-lhe as sobrancelhas! (What???)

Mas aquilo que mais me abala e entristece, é como existe publico para isto?!

Ser Retrograda (que sou, nalguns aspectos) é dar, na medida dos possíveis, conforto e Amor (aos montes), aos nossos filhos.


terça-feira, 12 de maio de 2015

Salto alto e ainda não tem 3 anos!!! Eu devo ser mesmo retrograda!!!!!

É pá, até acho que sou e vou ser uma mãe toda pá frentex, assim no alto dos meus 30 anos, acho que vou ser um tanto ao quanto permissiva, mas sempre no linear da boa educação e sempre tendo em conta a idade das minhas crias.
Chamem-me retrograda, conservadora, antiquada, até antiliberal, mas é pá, quando hoje fui levar os pimpolhos a creche e vejo uma menina com pouco mais de 2 anos, de sandálias com tacão alto, bem... gelei.

Claro que a menina em questão estava bem contente e toda vaidosa, pois todos contendiam com ela pela a proeza de conseguir ajeitar-se ao seu calçado "in". Ela não tem culpa, ela é uma criança, para mim ainda, uma bebé.
E quando digo de tacão alto, não estou a exagerar, ela equilibrava-se nas sandálias, para poder andar, com esforço e dedicação, la ia ela de mala na mão, até a sua sala.

Não posso condenar, pois cada um educa e faz aquilo que acha que tem de fazer, não posso julgar!
Mas senti-me com medo relativamente a menina, mini-adulta, que deambulava a minha frente, 
E se, ela cair e esfolar um joelho?
E se, ela torcer o tornozelo?
E se, as costas dela, se ressentirem?
E se...,

Será eu? Que não deixo as modas ditarem o guarda-roupa lá de casa e por consequência, a minha pequenada é prejudicada por isso??


quinta-feira, 7 de maio de 2015

De volta ao passado#22- Ser SUFICIENTE

Parte 1          Parte 6          Parte 11          Parte 16        Parte 21
Parte 2          Parte 7          Parte 12          Parte 17
Parte 3          Parte 8          Parte 13          Parte 18
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Parte 5          Parte 10        Parte 15          Parte 20

Mãe de primeira viagem, de gémeos, dividida pelos quilómetros, sem saber o que fazer para poder dar amor e carinho.

Os dias seguintes a minha alta, foram sofridos, ainda não tinha recuperado toda a minha mobilidade, conduzir estava fora de questão, pelo menos por 1 mês, por recomendação medica, pois como a medica dizia: passas-te por uma cirurgia, tens de ter cuidado, para que tudo cicatrize muito bem, mesmo depois de tirar os agrafes! Assim sendo ir até Coimbra pelos meus próprio meios estava, até ver, forra de questão.

Ponto da situação,
tinha o Príncipe em Leiria, a Princesas em Coimbra, pouco menos de 80Km., separavam os meus Amores, os dois precisavam e mim e eu precisava dos dois.
Alem disso, também tinha o meu leite, que religiosamente, munida duma bomba de extracção de leite materno, extraía de 3 em 3 hora, onde quer que estivesse, tinha o alarme do telemóvel programado, (benditas tecnologias), colocava-o em sacos de congelação próprios e etiquetava cada uma delas, nome dum ou de outro, data e hora.
O facto é que eu, mãe de poucos dias, necessitava estar com os meus filhos, podia ficar com um deles, internada, sim, mas e o meu outro filho? ficaria órfão de mãe por estar melhor ou pior do que o outro? Não, não era solução!
E o pai?
Pois o pai tinha de trabalhar, a pior decisão que tivemos de tomar até aquele dia, percebemos que as despesas iriam ser maiores do que prevista, fazer um percurso tão grande todos dias, iria levar um grande arrombo no nosso orçamento, portanto, o meu Homem, corajoso que nem ele, gozo os 5 dias a seguir ao nascimento dos Pimpolhos, que são obrigatórios e em conjunto com a sua entidade patronal, pediu para adiar o resto dos dias a que tinha direito, isto é, chegamos a conclusão que não queríamos estar separados, a quando os nossos dois filhos tivessem em casa, junto de nós, queríamos estar os 4, demora-se o tempo que tivesse que demorar, quando finalmente houvesse luz verde era imprescindível estar-mos juntos.
Tivemos de tomar decisões duras, tivemos de por os nosso sentimentos de lado, houve sim, momentos em que perguntava o porquê de tal destino,
porquê eu? 
Questionei Deus e sua existência,
se existe mesmo, Ele sabe, que a minha vida não pêra doce, porquê mais sofrimento??? Um Deus que faz com que crianças que não tem culpa de nada, que não pedem para nascer, tem um começo de vida cheio de sofrimento?? Não entendo, deixo de acreditar, já nem a Deus pedia auxilio.
Houve momentos de grande desespero, de choro sofrido, até que percebi que não me iria levar a lugar algum, teria de enfrentar o que quer que viesse e tinha de estar aqui por eles e para eles e comecei de novo a acreditar, pois os meus filhos, que tinham pouco mais dum quilo de arroz, mostravam ser mais fortes do que eu, pois todos dias lutavam pelas suas vidas.

Então, mentalmente, revi o que tinha diante de mim, para poder ser suficiente aos meus dois filhos, pus de lado a tristeza que assolava a minha alma, para poder ser pratica.
Não tinha tempo para chorar, para lamentos, não tinha tempo para culpabilizar-me.
Não tinha como dividir-me, mas sabia que NÃO podia passar um dia sem os ver aos dois, tinha de senti-los, cheira-los, lambe-los!
Queria saber como estavam, falar com os médicos, enfermeiros, até auxiliares, tinha de encontrar uma solução viável, para poder estar com eles.
Agarrei em mim e em pouco mais de 10 dias de ter tido os meus rebentos de cesariana, decidi que iria ver os dois, todos dias, de manha, Leiria, de tarde, Coimbra ou vice-versa.

Mesmo sabendo da recomendação medica, não podia deixar de fazer aquilo que sabia ser o certo, eles precisam de mim.
O meu Homem acompanhava as idas para Coimbra e Leiria dia sim, dia não, assim pude acompanhar cada passo, de cada um deles, levei todos dias leite para os dois, até ele secar, (infelizmente, estas andanças, a ansiedade, fez com que o meu leite seca-se ao fim de mês e meio).
O cansaço não se fazia sentir, pois compensava a alegria de os ver,
O Príncipe crescia forte e saudável, o dar colo pela primeira vez, de canguru, para ele poder sentir-me, o dar-lhe o leite pela sonda, o poder mimar nem que fosse poucos minutos, pois não podia ficar fora da incubadora por muito tempo. Os primeiros banhos era a gato, dentro da incubadora, munida de compressas húmidas, para passar pelo seu corpo minúsculo. Ele adorava ser pesado, para pesar um prematuro, dentro da incubadora, os enfermeiros punham um lenço agarrado a uma balança, (a balança, fica do lado de fora da incubadora), e punham o Cachopo suspenso dentro do lenço! ele adorava, ficar dentro do lenço a balançar como que embalado.
E foi assim, até ao dia do seu primeiro, verdadeiro, banho.
Em conjunto com as enfermeiras, marcamos hora para o seu primeiro banho, para tanto eu como o pai estivéssemos presente, vimos ele ser pesado numa balança normal, 1685kg de gente! De seguida foi para água.
Pela primeira vez em dias, senti-me mãe, dei banho ao meu filho, ele não chorou, nem quando o tiramos da água, o pai vestiu, mesmo que desajeitado, (os nervos são tramados!!).
Ele estava bem, o aumento de peso estava a ser gradual, um verdadeiro comilão,  indicaram-me que iriam iniciar a pouco e pouco o biberon para ver como ele se safava, para depois experimentar na mama, (mama? Vou poder dar-lhe de mamar??!! )
Nem queria acreditar no que acaba de ouvir, os médicos informaram-nos que se ele começa-se a ter uma boa sucção, quando chega-se aos 2kg, poderia ir para casa!!

O meu Pequenote, não teve complicação alguma, ele simplesmente só e somente precisava de ganhar peso suficiente, ele crescia de dia para dia, lindo e forte.
É indescritível a sensação que é, ver os progressos que são feito em pouco mais de 3 semanas, (18 dias, para ser exacta), a alegria de ver que já não se encontra no castelo de vidro, que o berço é a sua cama, que não precisa de ser monitorizado constantemente, que reage as melodias que canto para ele, que é preguiçoso a mamar, pois o biberon é muito mais fácil, o esforço é bem menor para o leite aconchegar a sua barriga, mas eu, ah carraças, não me importo, eu só quero que ele esteja bem de saúde.
Chegou um dos melhores dias das nossas vidas, no dia 26/08/2013, o meu menino, o meu filho, atingiu a meta fixada pelas médicos, para ir para casa, ele tão pequenino, levou a vacinas, vestimos-lo, com a roupa que deveria ter saída da maternidade, despedimos-nos dos enfermeiros, agradecemos muito por ter tratado do nosso menino quando não estávamos, conchegamos-lo no ovo o melhor que soubemos, e saímos de neonatal, deixando, pelo menos por agora, o cheiro do álcool para desinfectar as nossas mãos, para trás.
Era um dia lindo, um dia de alegria, mesmo que fosse pela metade, não faz mal, há-de chegar o dia em que a nossa Pequerrucha, também virá.

Agora, um, já se encontra em casa.

Continua*

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Dormir, dormir..., dormir..., ou não

AHHH como eu AMO dormir!!!
Muitos dizem que é desperdiço de tempo, que nada se aprende dormindo, podem ter razão.... ou não, agora que não a sensação melhor que esticar o esqueleto na cama, ahhhh não há não, depois dum dia cansativo, cheio de tudo, o que mais apetece, numa determinada hora, é simplesmente o ter o direito ao sono dos justo.

Antes e ser mãe, dormia, se me deixassem, umas 12h seguidas, sem interrupção, não não estou a exagerar, se a semana de trabalho tivesse sido puxada, que me esgotasse o corpo e alma, ou porque tinha havida farra no dia anterior, (também somos merecedoras de convívio), mal tocava as 21h, já estava eu a sonhar com as estrelas.

Não sabemos dar valores a estas ricas horas de sono, só quando estamos, quase que, em privação de ter uma noite de jeito!

Depois de ser mãe, de gémeos, nunca mais soube o que era dormir uma noite interinha!
Ir para cama as 21H?? Isso é só e somente, um desejo profundo, que não passa disso mesmo, desejo!
Mesmo que o corpo e alma esteja para dar as ultimas, não há tempo para descanso, é dar banho a um, dar banho a outro, preparar comida para todos, (janta para os adultos cá de casa e sopa + compota ou fruta+ 2º prato, para os mais pequenos), aguentar birras, esgotar o dicionário de musicas infantis, comido no chão, nas paredes, mimar o tempo que se pode e mesmo assim já são 22H, já são mais que horas de irem para cama!
Acabar a janta, comer, arrumar, limpar a sopa que cai em fio da parede, prepara algumas coisa para o dia seguinte, aguentar até a 00h00, para dar o leite, que deveria (esperava eu), aconchegar a barriga destes Pingentes, olho para eles, dormem, serenos, ouço a respiração, quase que conto as batedelas do coração, para ter a certeza que os meu amores estão bem, peço que sejam protegidos, admiro-os uma ultima vez, vamos para a cama, para poder-mos, por fim, dormir o sono dos Justos.

Qual sono, qual quê, acordam..., sempre..., todas noites..., se não é um é outro, quando não são os dois ao mesmo tempo! 
Se não é a chucha, é o peluche ou o bebé que caiu, ou tão muito tapados ou pouco tapados, querem levantar, esticam os braços, porque já estão com as pilhas todas para irem brincar, ou cólicas ou doentes!!
E vou eu, sempre primeiro, o Homem acorda cedo, embalo, dou o que caiu, aconchego, dou beijos, digo que são horas de narnar, volto para a cama.... 5/10mn, volta tudo de inicio, por vezes de hora a hora, outras nem se dorme cá em casa.
Quando sinto o desespero, chamo o Homem, la vai ele, confiante, dá o que caiu, embala, aconchega, da beijos. diz que são horas de dormir, volta para a cama.... e isto repete-se, pela noite, pelos dias seguintes...

Amo-os, derreto-me a cada noite, quando os aconchego, olho, admiro, tal uma leoa que lambe as suas crias, poderia ficar assim, a vê-los por horas.
Por muito que esteja cansada, que ande com horas de sono em atraso, a cada espirro, tossidela, gemido, que possa vir dos meus rebentos, acordo, sem qualquer sonolência, sem rabugice, para poder por vezes só dizer-lhe, que a mãe está aqui e que está tudo bem.

Dormir faz IMENSA falta, mas nada se compara ao amor que tenho por aqueles dois Pingentes!!