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quinta-feira, 16 de julho de 2015

Sentirmos pelos os outros

Mais uma vez fomos a consulta de cardiologia com a Pimpolho, têem sido mais frequentes duvido a sua baixa de saturação.
A médica, informou que o cateterismo "exploratório" já está marcado, explica os procedimentos, será uma estadia de 3 dias, pois a Pimpolha tem de levar anestesia geral.

Tenho Esperança que os resultados finais mostram que está tudo bem, que um dia, quando ela for maior, poderão efectuar uma cirurgia correctiva e definitiva, simplesmente, porque a nossa vida não faria qualquer sentido se assim não fosse.

Durante a consulta, entre perguntas e respostas sobre o estado da nossa Princesa, a médica informo-nos, com meio sorriso, que a "nossa" menina, (é por isso que confio nela, naquela equipa, a minha menina também é deles e isso enche o meu coração), é recordista da toma de Prostim, (foi a medicação que a manteve viva até a cirurgia, mas que pode ter imensos efeitos secundários), foram 2 meses e 1 semana, perguntou-me a medica, respondia que não, foram 2 meses e meio, mais precisamente, 2 meses e 20 dias e graças a Deus, sem qualquer sequela.
E a médica refere-se alegremente a valentia da nossa Princesa, mas em tom amargo, conta-nos que perderam um bebé que tinha uma má formação congénita parecida com a da nossa filha, por não ter conseguido aguentar a luta conjunta com o Prostim, também tinha nascido com pouco mais de 1300 kg.

Naquele momento senti por aqueles pais, sabia o sentimentos de impotência face a uma espera sem prazo, mas sempre com uma luz de esperança, mesmo quando já não acreditamos em nada, mesmo quando temos a certeza que não pode existir um qualquer Deus permissivo de tanto sofrimento, quer pelo recém-nascido, quer pelos pais, a esperança está la e é mesmo a ultima a morrer.

A caminho de casa, os olhos encherem-se lágrima, não pude evitar, antes de ser mãe, ficaria triste, por ouvir uma noticia parecida com esta, ou por ouvir que um bebé foi abandonado, ou outra atrocidade que por vezes o próprio ser humana faz. Agora, sendo mãe, sinto pelos pais que sofrem, sinto por não poder saber como é possível maltratarem ou abandonarem um bebé.  

Neste caso, imagino a dor dos pais como se fosse minha e espero, rogo a Deus, para que consigam encontrar de volta a felicidade.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Descobres que estás a precisar urgentemente de FÉRIAS, quando...


... veste os Pimpolhos, sempre a pressa, porque estás, sempre atrasada e de repente...

       Olhas para o teu filhO e percebes que lhe calças-te as meias cor de rosa, giras e loucas, da IRMÃ.


Pronto e é isto!

terça-feira, 14 de julho de 2015

De volta ao passado#26 - Os momentos que merecem ser recordados! Parte2

Parte 1          Parte 6          Parte 11          Parte 16        Parte 21
Parte 2          Parte 7          Parte 12          Parte 17        Parte 22
Parte 3          Parte 8          Parte 13          Parte 18        Parte 23
Parte 4          Parte 9          Parte 14          Parte 19        Parte 24
Parte 5          Parte 10        Parte 15          Parte 20        Parte 25

Aqui fica mais uns preciosos momentos da nossa caminhada, pois como disse antes, eles fazem parte da nossa história.

  • O colo :)
O primeiro colo dado, as palavras são poucas, para conseguir escrever com exatidão o tamanho da felicidade sentida. Com o Pimpolho, foi o colo canguru, pele com pele, com a Princesa, um colo menos pessoal, ela não podiam ser muito mexida. Mas cada colo, invadiu o meu ser até a alma. Uma mãe quer poder mimar, lamber as suas crias, sendo eles prematuros, a doença da Pequerrucha, fez com que esse dia, tivesse sido adiado.
Acho que só me senti plenamente mãe, quanto os pude cheirar, tal um animal faz com as suas crias e isso é uma lembrança que nunca vou esquecer!

  • A falta de sensibilidade de alguns profissionais!
Infelizmente tive 2 situações bastante difíceis de lidar, que me deixaram de rastos, que fizeram-me acreditar que era uma péssima mãe.
A primeira, aconteceu na curta estadia da minha menina na UCEP de Leiria, como já contei, ela não se adaptou ao ambiente, tudo era novo, rotinas, enfermeiros, cheiros.
No dia da transferência novamente para Coimbra, perguntei o porquê, (ainda não me tinha apercebido que a minha menina não se sentia confortável naquele ambiente novo), perguntei quais os riscos, o que estava a acontecer. A enfermeira de serviço, foi rude, foi brava, foi desumana, explicou com todas as letras que a culpa era minha, se quisesse responder as minhas próprias perguntas, teria ficado sempre ao lado dela, não a desgrudaria nem um minuto e isto tudo a frente de todos os pais que se encontravam na unidade, pais que não sabiam da minha historia mas que ela bem sabia, eu não tinha tido só um filho, mas sim dois!
No meio de lágrimas e lamentos, perguntei se tinha de deixar o meu outro filho órfão de mãe? Se ele também não era prioridade? E que só EU e meu marido sabíamos aquilo que sofríamos, por não poder estar ao lado dos dois todos os dias, a todo instante, que sabíamos muito bem que a vida da nossa menina estava a todo instante, em risco. 
Ela recusou entender, fomos embora com uma ferida enorme aberta no coração.

A segunda, foi muito parecida com a que escrevi acima, mas desta vez em Coimbra, fui chamada pela assistente social, para lhe explicar o porquê de não acompanhar dia e noite a minha menina, tendo em conta o seu estado. Deduzi logo que não sabia que tinha tido gémeos, expliquei, contei que tentava estar o mais presente para ambos. 
Também não quis entender, perguntou se não tinha nenhum familiar que pudesse tomar conta do meu filho, pois quem estava a precisar de atenção contínua era a menina, ela é que inspirava cuidados, expliquei que não era fácil, pois já muito os meus pais e sogros estavam a fazer e reforcei a ideia de que ambos precisavam de mim, mesmo saudável, o meu menino, como todos os bebés, necessita da mãe.
Pediu para rever as minhas prioridades e saí da sala, chorei lágrimas de sangue no caminho de volta ao quarto da Princesa, mais uma vez tudo estava a ser posto em causa, devia realmente ser péssima mãe, pois não sabia onde estava as minhas prioridades, a primeira ferida reabriu, mais profunda, mais dolorosa.

Ao chegar ao quarto, estava a enfermeira O. junto da minha Pequena, perguntou o que tinha sucedido para estar naquele estado lastimável, contei..., por fim perguntei o que faria ela no meu lugar se fosse sua filha, ela do alto de todos seus conhecimentos, respondeu sem hesitar, que ficaria sempre junto dela, eu retorqui, perguntando e se fossem gémeos? Nesse instante, percebeu o meu dilema, ela estava a pensar na sua situação, não na minha, depois de olhar para mim, respondeu com ternura, que faria exactamente o mesmo.

Nesse dia, o caminho para casa foi longo e demorado, as lágrimas caiam uma atrás da outra, a cabeça a mil, tentava em vão encontrar uma resposta a situação, por um lado tinha os médicos dela, aqueles a quem confiei a vida da minha Filha, que me diziam todos dias, para não vir todos dias a Coimbra, que precisava de descanso, que precisava passar tempo de qualidade com o meu Menino, que qualquer alteração seria logo contactada, e contudo estava a ser julgada, mesmo estando todos dias perto dela.
Contei ao meu Homem, ficou devastado, furioso, revoltado, nesse dia, voltamos a noite, ele queria vê-la, ele queria atenuar a dor que tão bem conhecia.
Fomos, mais juntos do que nunca, era tarde, hora de troca de turnos, passamos pela sala de enfermeiros, percebi, senti que eles estariam a falar do que tinha acontecido hoje cedo, pensei naquela gente toda a julgar as nossas prioridades.

Chegamos por fim ao quarto, ela dormia serena, logo atrás veio o enfermeiro J., pensei que fosse ele que estivesse a acompanha-la e que vinha fazer o relatório do seu estado desta tarde, mas não!
Ele queria dizer-nos pessoalmente, o quanto absurdo tinha sido a situação com a assistente social, queria dizer-nos para não fazermos caso, que todos nos apoiavam, que todos sabiam e sentiam a luta que travávamos para poder dar Amor a ambos. Que infelizmente, os casos que necessitam verdadeiramente da intervenção da assistente social, não eram contactados e assegurou-nos que iriam falar com os médicos, para eles terem uma conversa séria com a mesma.
Tanto eu como o meu marido ficamos calados, as lágrimas inundava os nossos olhos, queríamos agradecer, mas as forças por momentos, tinham desaparecido, a custo só consegui agradecer, muito.
Queria poder ter dito, o quanto aquelas palavras estavam a ser reconfortantes, que afinal não estavam-mos a ser julgados, que a confiança que tínhamos por toda aquela equipa estava de novo restaurada e mais solida que antes, o quanto ele estava a ser amável por ter vindo falar com agente.
Mesmo não tendo proferido tudo isto, ele entendeu, quando ficamos novamente sozinhos, choramos abraçados um ao outro, choramos de alivio, afinal não estávamos errados, as nossas prioridade estavam muito bem definidas.

  • A musica que acalma.
Ainda na UCEP em Leiria, existiu um momento intimo entre mãe e filha, que acabou por se alastrar por toda a unidade. Ela estava inquieta, o alarme da saturação não parava de buzinar, por muito que falasse com ela, nada a acalmava, decidi então, com muito cuidado agarra-la, dar um colo meio canguru, (meio, porque como já referi, junto com ela há imensos fios ligados a ela e não da para coloca-la como seria de esperar nesta situação), abri a minha blusa encostei-a o melhor que pude e devagar sentada na poltrona virada para a janela embalei-a e sussurrava a melodia duma musica que me diz muito, (inclusivo foi a minha musica de entrada do meu casamento, eu sei, eu sei, lamechisses!), Seulmentl'amour, de D. Juan - La comédie musicale, (o link está legendado, para quem quiser ver e ouvir).
Ela acalmou, o silencio era Rei na unidade, de repente, éramos só nos duas, estávamos no nosso mundo, até que..., não sei se foram minutos, meias horas, ou horas.
O enfermeiro R. se apercebeu da melodia e do silencio que inundava toda a unidade, fez referencia ao que estava a acontecer, foi quando voltei a realidade e pedi desculpa, não pensei que tivesse a cantarolar tão alto. Ele, amavelmente agradeceu, pois todos os bebes da unidade, estavam em silencio e serenos, fez referencia ao quão benéfico a musica é para os recém-nascidos. 
E EU que achava estar a sós com a minha menina, dentro da nossa bolha, acabamos por embarcar todos presentes.
Foi o momento mais sereno que tive durante todas esta caminhada.


Sabia que havia males pelo mundo, era (sou) consciente disso, mas nunca achamos que eles podem bater a nossa porta. 
Nunca estamos preparados, mas podemos tentar fazer frente e foi aquilo que tentamos fazer até ao dia da alta da nossa Menina.

Continua*



sexta-feira, 10 de julho de 2015

De volta ao passado#25 - Os momentos que merecem ser recordados! Parte1

Parte 1          Parte 6          Parte 11          Parte 16        Parte 21
Parte 2          Parte 7          Parte 12          Parte 17        Parte 22
Parte 3          Parte 8          Parte 13          Parte 18        Parte 23
Parte 4          Parte 9          Parte 14          Parte 19        Parte 24
Parte 5          Parte 10        Parte 15          Parte 20

    A recta final do meu projecto pessoal, aproxima-se, este “De volta ao passado”, tem-me ajudado muito, poder exprimir por palavras o turbilhão de acontecimentos e de sentimentos, de pouco mais de 3 meses, os 3 primeiros meses de vida dos meu Filhos.
Esta caminhada tem sido libertadora, difícil de recordar, sem dúvida, mas alivia um pouco mais a dor dum futuro incerto.

Hoje quero recordar momentos, nunca soube muito onde encaixa-los nos relatos anteriores e antes de escrever sobre a cirurgia da minha Pequerrucha, quero pôr por palavras os momentos menos bons, porque existiram e feriram-me e os momentos que eram pura felicidade, porque todos eles fazem parte da nossa história.

  • Quando pus os olhos pela primeiras vez, em cima de dois ser tão pequeninos!
Eu não sabia o que era ser mãe, tinha duvidas se iria ser uma mãe competente, morria de medo de não saber cuidar deles, ainda por cima vieram ao pare! Achava que não conseguiria dar atenção nem a um nem a outro, que não saberia lidar com os choros duplos, com a alimentação. Todos diziam, “ pões a mamar os dois ao mesmo tempo, um em cada mama”, para ser sincera essa ideia nunca me cativou e louvo quem o consegue fazer, mas eu achava que não daria a atenção, mimo suficiente nem a um nem a outro.
Mas eles, eles eram lindos, quando olhei para eles, tudo se iluminou, não eram enrugados, uma pele limpa, não tinham sobrancelhas nem pestanas, as unhas eram uma pele finíssima, pelinho pelo corpo todo, descobri que o meu menino, tinha, (e ainda hoje tem), um buraquinho acima da cada orelha, é verdade, tudo era ENORME para eles.
A partir desse momento, uma luz no meu coração acendeu-se.

  • Poder alimenta-los, mesmo que por sonda.
A hora de “mamar” era sempre especial, podia não poder lhes dar mama, mas os enfermeiros, deixavam-me segurar a seringa que continha o leite que descia pela sonda, podem achar ridículo, mas sentia que era o nosso momento, de mãe para filho, podia não estar encostado a minha mama nem ou meu coração, mas enquanto segurava a seringa com uma mão a outra acariciava-os. Com o passar dos dias, aos poucos e com ajuda da xuxa, dava-lhe leite a boca, pois não era só sentirem-se saciados, eu achava que tinha de saber qual o gosto do leite. Claro, com autorização dos médicos, comecei a molhar a xuxa no leite enquanto ele descia pela sonda. Bem..., era tão magico, eles xuxavam com tanto fervor, com tanta satisfação, que o meu coração preenchia-se a cada dia.

  • Os cocós e os xixis!
Só as mãe para se alegrarem com estas duas palavras, então mães de prematuras, muito mais ainda. Cada xixi, que no caso da Princesa eram quantificados, cada cocó, era uma vitoria.
Fazerem as necessidades por eles próprios, indicava que o organismo estava a reagir muito bem, que estava a crescer. Portanto, cada muda de fralda era um sentimento duma batalha já vencida, entusiasmada, as fraldas eram mudadas, com muito cuidado, dobradas a meio da barriga, aconchegadas a eles.

  • Teste do pezinho e outras maldades.
Eles eram muito pequeninos, tiveram de realizar 2 teste do pezinho, coisa de prematuros.

Sofri, imenso, chorei, solucei, como disse a enfermeira, doeu mais a mim do que a eles, pois tanto um como outro, não deitaram lágrima, não resmungaram, era como se de nada fosse nada. O sangue foi retirado do punho deles, sim outra coisa de prematuros, a mão deles, era dobrada para frente, para consegui um boa veia para as gotas de sangue caírem certeiras no papel, foi a primeira maldade que assisti, as outras, as vacinas, as colheitas e sangue, os exames, todas elas doeram-me, sofri, mas deixei as lágrimas de parte, o meu coração chorava por mim, mas não queria que os meus filhos vissem a minha tristeza, como podia pedir-lhes para serem fortes, que tivessem coragem, se eu estava lavada em lágrimas, então sobrepûs a lógica ao coração e fiz-me tão forte quanto os meus meninos, para nunca os deixar ficar mal.

Continua*

terça-feira, 7 de julho de 2015

O dia da criança, que é só UM dia, mas que é vosso todos os dias!!!

Ainda ontem, dormia um na espreguiçadeira, que abanava ao ritmo do meu pé, enquanto embalava outro ao colo.
Ainda ontem, cabiam nas almofadas ortopédicas, que servia de cama improvisada para dormirem a sesta no sofá.
Ainda ontem, perguntava-me quando caberiam na roupa de tamanho 0, para não parecerem estar dentro dum saco de roupa mal ajeitada.
Ainda ontem, tremia de medo, por não saber ao certo o que é ser mãe.
Ainda ontem, deram a primeira gargalhada, o primeiro passo, a primeira palavra....
Não passou assim tanto tempo, não, apenas 22 meses (menos 8 dias), mas ainda ontem, olhei para vocês e pensei,
Estão tão grandes!!! Como é que o tempo passa e não o vemos. Eram tão pequenos..., Agora estão crescidos, cheios de risos contagiantes, cheios de vida, ahhhh como eu amo os meus Filhos, os meus meninos!
Hoje é dia da criança, por a vida não nos sorrir financeiramente, não haverá nada de especial, para comemorar este dia meus amores, só um jantar com os avós, mas uma coisa posso garantir-vos, o Amor que temos por vocês meus filhos, esse, é muito maior que qualquer prenda que lhe possamos dar.
Com a esperança que dias melhores virão, fica aqui, para quem sabem, mais tarde recordarem, o testemunho, que a vossa mãe e o vosso pai, ama-vos incondicionalmente. 
On vous aimes trés fort mes poussins!