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terça-feira, 26 de agosto de 2014

De volta ao passado#11 O meu Mundo mudou para sempre - Parte 3

Parte 1          Parte 6                  
Parte 2          Parte 7                   
Parte 3          Parte 8                   
Parte 4          Parte 9               
Parte 5          Parte 10 

7 e 8 de Agosto 2013 (continuação)

A enfermeira veio ter comigo, explica-me que vai fazer colheitas e por um cateter antes de me levar para o internamento, assim foi, fiquei um tempito a espera que uma auxiliar me pudesse levar.
Atribuíram-me um quarto, no piso da maternidade, onde não estava mais ninguém, (cá para mim, deve ser já para me ambientar ao choro de bebés), as enfermeiras foram muito atenciosas, pelo menos até agora não me posso queixar.

Na quinta-feira, o Homem já pôde vir ter comigo, sabe tão bem ele estar ao meu lado nem que seja para segurar-me a mão, eu não lhe contei os meus medos, não quero que ele também fique ainda mais preocupado, sim, porque ele também não me está a contar os dele, estamos, os dois, a ser racionais.
Como saí a pressa de casa, havia muito ainda para fazer para receber os Pimpolhos, então, um tempo depois, la foi ele para ajeitar o que faltava fazer, pedi-lhe uma e outra coisa para passar o tempo.
Sozinha no quarto, o meu coração voltou a surgir com perguntas e mais perguntas, tentei acalma-lo, mas em vão, então pedi a enfermeira se me podia ajudar, ou se alguém podia falar comigo para expor os meus receios, ela, amável e no meio de, não esteja ansiosa..., eles são fortes...., disse que até estava uma pediatra no piso e iria pedir-lhe para passar pelo meu quarto, (óptimo!)
A pediatra vem, logo percebo que é senhora do seu nariz, pergunta:

- O que precisa?
Eu, nervosa e irrequieta, de parecer uma louca desvariada, por ser tão pessimista, MALDITA VEIA HIPOCONDRÍACO:

- Estou de gémeos, vão nascer de 32s+5d, ainda é cedo, quais as possibilidades de haver algum problema com eles?

Pediatra, do alto do seu nariz empinado e com um toque de arrogância, o suficiente para não parecer mal educada, ( do tipo: mas que m*** é esta, que só me calha gente louca) :

- Eu não lhe posso enumerar o que pode ou não correr mal, tudo pode acontecer, tem que pensar que está tudo bem, ta bem?

Eu, que percebi que ali, de nada iria valer o meu pobre latim, respondi:

- Sim compreendo, Obrigada

Será, que sou eu? Ou é só nos filmes é que existe médicos simpáticos, que tentam aligeirar as coisas e têem palavras simpáticas que nos deixam com o coração mais sossegado??!! Roí e roí até a noite. O Homem voltou, os meus pais também vieram ver-me, deu para ter a cabeça mais ocupada.
A noite, levaram-me para fazer mais um registo dos bebés, quando ia a caminha, passei por uma senhora, que devia ter acabado de ter o seu filho, ela tava deitada de lado, tinha um sinal ao pé do olho, enroscava o seu bebé, estavam juntinhos, ambos aconchegados com os cobertores até acima, pensei, não vou poder ter esta sensação além de ser cesariana, eles são prematuros, vão de imediato para a incubadora, não vou subir com os meus 2 rebentos para um quarto, não vão estar enroscados a mim, o que dava para poder ter a mesma sorte desta mulher...
Registo feito, voltei para o meu quarto, luz fusco, sentia-me tão sozinha..., la estava eu a pensar em tudo e mais alguma coisa, veio uma enfermeira ter comigo, perguntar se tava tudo bem, ela reparou que não estava bem, sim, porque por norma sou muito boa em esconder os meus sentimentos, ali já andava a tentar a demasiado tempo. Perguntou se a Pediatra me tinha ajudado, fui sincera e disse que não, então ela pediu para perguntar o quer que fosse, ela ja tinha trabalhado na neonatal e se soubesse responder ajudaria no que pudesse para me tranquilizar.
foi um anjo caído, perguntei, perguntei, soube sempre responder de forma sucinta, de maneira a que não fica-se ansiosa, até me disse, que o leite subiria, mesmo sendo prematuros e que as proteínas nele contido, seria especificas para os meus rebentos.
Explicou-me que o nosso corpo adapta-se aos imprevisto duma forma excepcional.
Ela soube dizer-me com cuidado que "as vezes", nem tudo corre como esperado, mas que temos de ter esperança que tudo corre bem e eu acreditei nela e nas suas palavras sabias, a enfermeira aparentava ser jovem, mas soube melhor que todos até agora, me tranquilizar e dar-me um pouco de paz.

Esta noite posso dormir sem ter que sobrepor a lógica ao meu coração, dormi, de certa forma com esperança que nada aconteceria de grave e que Deus estaria a olhar pelos os meus filhos.


Continua...









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