Parte 1 Parte 6 Parte 11 Parte 16 Parte 21
Parte 2 Parte 7 Parte 12 Parte 17
Parte 3 Parte 8 Parte 13 Parte 18
Parte 4 Parte 9 Parte 14 Parte 19
Parte 5 Parte 10 Parte 15 Parte 20
Mãe de primeira viagem, de gémeos, dividida pelos quilómetros, sem saber o que fazer para poder dar amor e carinho.
Os dias seguintes a minha alta, foram sofridos, ainda não tinha recuperado toda a minha mobilidade, conduzir estava fora de questão, pelo menos por 1 mês, por recomendação medica, pois como a medica dizia: passas-te por uma cirurgia, tens de ter cuidado, para que tudo cicatrize muito bem, mesmo depois de tirar os agrafes! Assim sendo ir até Coimbra pelos meus próprio meios estava, até ver, forra de questão.
Ponto da situação,
tinha o Príncipe em Leiria, a Princesas em Coimbra, pouco menos de 80Km., separavam os meus Amores, os dois precisavam e mim e eu precisava dos dois.
Alem disso, também tinha o meu leite, que religiosamente, munida duma bomba de extracção de leite materno, extraía de 3 em 3 hora, onde quer que estivesse, tinha o alarme do telemóvel programado, (benditas tecnologias), colocava-o em sacos de congelação próprios e etiquetava cada uma delas, nome dum ou de outro, data e hora.
O facto é que eu, mãe de poucos dias, necessitava estar com os meus filhos, podia ficar com um deles, internada, sim, mas e o meu outro filho? ficaria órfão de mãe por estar melhor ou pior do que o outro? Não, não era solução!
E o pai?
Pois o pai tinha de trabalhar, a pior decisão que tivemos de tomar até aquele dia, percebemos que as despesas iriam ser maiores do que prevista, fazer um percurso tão grande todos dias, iria levar um grande arrombo no nosso orçamento, portanto, o meu Homem, corajoso que nem ele, gozo os 5 dias a seguir ao nascimento dos Pimpolhos, que são obrigatórios e em conjunto com a sua entidade patronal, pediu para adiar o resto dos dias a que tinha direito, isto é, chegamos a conclusão que não queríamos estar separados, a quando os nossos dois filhos tivessem em casa, junto de nós, queríamos estar os 4, demora-se o tempo que tivesse que demorar, quando finalmente houvesse luz verde era imprescindível estar-mos juntos.
Tivemos de tomar decisões duras, tivemos de por os nosso sentimentos de lado, houve sim, momentos em que perguntava o porquê de tal destino,
porquê eu?
Questionei Deus e sua existência,
se existe mesmo, Ele sabe, que a minha vida não pêra doce, porquê mais sofrimento??? Um Deus que faz com que crianças que não tem culpa de nada, que não pedem para nascer, tem um começo de vida cheio de sofrimento?? Não entendo, deixo de acreditar, já nem a Deus pedia auxilio.
Houve momentos de grande desespero, de choro sofrido, até que percebi que não me iria levar a lugar algum, teria de enfrentar o que quer que viesse e tinha de estar aqui por eles e para eles e comecei de novo a acreditar, pois os meus filhos, que tinham pouco mais dum quilo de arroz, mostravam ser mais fortes do que eu, pois todos dias lutavam pelas suas vidas.
Então, mentalmente, revi o que tinha diante de mim, para poder ser suficiente aos meus dois filhos, pus de lado a tristeza que assolava a minha alma, para poder ser pratica.
Não tinha tempo para chorar, para lamentos, não tinha tempo para culpabilizar-me.
Não tinha como dividir-me, mas sabia que NÃO podia passar um dia sem os ver aos dois, tinha de senti-los, cheira-los, lambe-los!
Queria saber como estavam, falar com os médicos, enfermeiros, até auxiliares, tinha de encontrar uma solução viável, para poder estar com eles.
Agarrei em mim e em pouco mais de 10 dias de ter tido os meus rebentos de cesariana, decidi que iria ver os dois, todos dias, de manha, Leiria, de tarde, Coimbra ou vice-versa.
Mesmo sabendo da recomendação medica, não podia deixar de fazer aquilo que sabia ser o certo, eles precisam de mim.
O meu Homem acompanhava as idas para Coimbra e Leiria dia sim, dia não, assim pude acompanhar cada passo, de cada um deles, levei todos dias leite para os dois, até ele secar, (infelizmente, estas andanças, a ansiedade, fez com que o meu leite seca-se ao fim de mês e meio).
O cansaço não se fazia sentir, pois compensava a alegria de os ver,
O Príncipe crescia forte e saudável, o dar colo pela primeira vez, de canguru, para ele poder sentir-me, o dar-lhe o leite pela sonda, o poder mimar nem que fosse poucos minutos, pois não podia ficar fora da incubadora por muito tempo. Os primeiros banhos era a gato, dentro da incubadora, munida de compressas húmidas, para passar pelo seu corpo minúsculo. Ele adorava ser pesado, para pesar um prematuro, dentro da incubadora, os enfermeiros punham um lenço agarrado a uma balança, (a balança, fica do lado de fora da incubadora), e punham o Cachopo suspenso dentro do lenço! ele adorava, ficar dentro do lenço a balançar como que embalado.
E foi assim, até ao dia do seu primeiro, verdadeiro, banho.
Em conjunto com as enfermeiras, marcamos hora para o seu primeiro banho, para tanto eu como o pai estivéssemos presente, vimos ele ser pesado numa balança normal, 1685kg de gente! De seguida foi para água.
Pela primeira vez em dias, senti-me mãe, dei banho ao meu filho, ele não chorou, nem quando o tiramos da água, o pai vestiu, mesmo que desajeitado, (os nervos são tramados!!).
Ele estava bem, o aumento de peso estava a ser gradual, um verdadeiro comilão, indicaram-me que iriam iniciar a pouco e pouco o biberon para ver como ele se safava, para depois experimentar na mama, (mama? Vou poder dar-lhe de mamar??!! )
Nem queria acreditar no que acaba de ouvir, os médicos informaram-nos que se ele começa-se a ter uma boa sucção, quando chega-se aos 2kg, poderia ir para casa!!
O meu Pequenote, não teve complicação alguma, ele simplesmente só e somente precisava de ganhar peso suficiente, ele crescia de dia para dia, lindo e forte.
É indescritível a sensação que é, ver os progressos que são feito em pouco mais de 3 semanas, (18 dias, para ser exacta), a alegria de ver que já não se encontra no castelo de vidro, que o berço é a sua cama, que não precisa de ser monitorizado constantemente, que reage as melodias que canto para ele, que é preguiçoso a mamar, pois o biberon é muito mais fácil, o esforço é bem menor para o leite aconchegar a sua barriga, mas eu, ah carraças, não me importo, eu só quero que ele esteja bem de saúde.
Chegou um dos melhores dias das nossas vidas, no dia 26/08/2013, o meu menino, o meu filho, atingiu a meta fixada pelas médicos, para ir para casa, ele tão pequenino, levou a vacinas, vestimos-lo, com a roupa que deveria ter saída da maternidade, despedimos-nos dos enfermeiros, agradecemos muito por ter tratado do nosso menino quando não estávamos, conchegamos-lo no ovo o melhor que soubemos, e saímos de neonatal, deixando, pelo menos por agora, o cheiro do álcool para desinfectar as nossas mãos, para trás.
Era um dia lindo, um dia de alegria, mesmo que fosse pela metade, não faz mal, há-de chegar o dia em que a nossa Pequerrucha, também virá.
Agora, um, já se encontra em casa.
Continua*
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