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Assim foi, enchi-me de coragem, dei um até já ao meu menino e la fomos nós.
Eu estava mais do que nervosa por poder estar com minha menina. Poucas horas, estive verdadeiramente com ela, queria beija-la, queria cheira-la, queria ver todos os seus pormenores, tal e qual fiz eu com o seu irmão.
Mas a minha barriga andava as voltas, um frio no baixo ventre, com medo do resultado do exame. A enfermeira já tinha dito ao meu Homem, que o próprio médico queria falar com agente para nos dar os resultados. Nada disso era positivo, o medo instalou-se no meu corpo, estava tensa, mal conseguia respirar, a ansiedade era muito forte.
Chegamos, sem saber o caminho, quase que corria pelos corredores atrás do meu marido, para poder chegar até ela, o mais depressa possível, vestir bata, desinfectar mãos, entro, a ala é enorme, mas logo a minha frente reconheço o sala da minha menina, ( o meu Homem já me tinha explicado que ela encontrava-se num quarto só para ela, com uma vidraça enorme que estava mesmo em frente a sala dos enfermeiros), os enfermeiros, olhem, tenho noção disso, mas eu não quero saber, eu quero a minha menina... a minha filha.... Entro, ela dorme de barriga para baixo, mal se vê, há tubos, fios, compressas, por toda ela, deduzo que devia ter a bilirrubina alta, tem uma luz branca, forte por cima dela, tinha os olhos vendados, (as enfermeiras, fizeram uns óculos de compressas, para a luz não a ferir), olho, vejo, sinto-me tonta, nunca tinha visto, tanta maquina, tantos medidores de qualquer coisa, em volta duma bebé com pouco mais dum quilo de peso.
Uma enfermeira, entra, apresenta-se, começa a falar, vira-se para mim, eu não a ouço..., tento perceber para que servem as maquinas, olho para ela, as lágrimas sobem aos olhos, nada faz sentido, o mesmo alarme, continua presente, a maldita saturação que não estagna....
A enfermeira, entende o que quero, prenda-me com o olhar, pergunto o que é que ela tem, para quê tanta coisa ligada a ela e com paciência, ela explica.
Disse ela:
- Temos aqui um monitor, que mede a frequência cardíaca, a saturação e a frequência respiratório, (este eu conheço),
temos esta maquina, que serve para aspirar a expectoração ou o excesso de saliva,
por aqui vai o oxigénio, ( um tubo, que tinha 2 saídas, para cada narina, colado com adesivo para não sair do sitio),
tem o "esparguete" para receber o leito, (outro tubo enfiado pela boca e também mais ou menos colado),
estas cassetes, serve para ela receber toda a medicação que lhe é necessária ( eram 8 cassetes, 7 delas estavam a funcionar, das 7 saí mais um tubo em direcção a ela),
temos aqui um monitor que mede a actividade cerebral, (tinha uma compressa em volta da cabeça, que segurava o sensor),
e aqui está esta luz, porque tem os valores da bilirrubina alta, é quando a pele dos bebés fica mais amarelada, não é nada de mais.
- Mas, porquê que ela não está numa incubadora? (eu)
-Esta cama é mais cómoda para ela, é aquecida, tem um sensor incorporado para saber qual a temperatura dela, ( mais um fio que está ligado a ela), e a temperatura da cama ajusta-se a sua necessidade, também faz de balança, assim não temos de mexer muito nela.
- Porquê que não podemos mexer muito nela?
-Porque a medicação que lhe estamos a dar, pode causar dores nas suas articulações e podemos magoa-la só de a agarrar.
- A minha filha sente dor, se agente mexer nela???? (estava a ficar tonta, não conseguia suportar a ideia de ela estar a sofrer)
- Não temos a certeza, pois ela não consegue prenunciar-se, mas é um dos efeitos secundários, sim.
No meio de tanta informação, que mal conseguia digerir, pois mal percebia o que aquilo tudo queria dizer, a enfermeira, contou, algo que deu luz ao meu coração, disse, que ela tem personalidade, pois quando chega a hora de comer, chora que nem uma louca, mesmo ela estando numa sala só para ela, ouvia-se em toda a ala do UCI, só se calava depois de sentir o leito no estômago, um verdadeiro relógio!
Eu sei que parece pouco, mas para mim, foi uma grande alegria, perceber, que ela conseguia ter forças para poder exprimir que algo estava em falta, só podia ser um sinal.
A enfermeiro, informa que logo que o Doutor chegar, avisa-nos.
Nesse entretanto, percebia o quanto ela é pequena, os osso eram nítidos, a pele só os cobriam, as mãos pereciam-me estranhas, porque não havia chicha para encher aqueles dedos compridos, tinha pelinho nas costa e na parte de trás das orelhas. As meias ficavam enormes, consoante aos pés que não as enchia.
A fralda é uma miniatura e mesmo assim chega-lhe ao umbigo e tem de ser dobrada.
Tinha cola, no canto da boca, que se tinha acumulado, por causa da fita adesiva, que segurava a "esparguete", peguei uma compressa embebida em agua e com muito jeitinho limpei-a o melhor que pude.
Fiquei o tempo todo a olha para ela, para decorar cada pormenor dela e cantei, não sei se para ela, se para ME reconfortar, por não poder-lhe pegar ao colo.
Mas eu sei, que ela sabe que estou aqui, abeira dela!
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