Como mãe de prematuros, como mãe duma menina com uma cardiopatia complexa, as agulhas estão sempre presente, neste meu mundo o proverbio popular adequado seria, encontra a palha no agulheiro.
A primeira vez que vi o trabalho duma agulho nos meus meninos, foi no meu Pimpolho, tinha de ser feito o teste do Pezinho, eu não sabia como se procedia, são os meus primeiros filhos, tudo era novidade.
Ele pequenino, indefeso, na sua caixinha de vidro, com o "esparguete" em riste no nariz adentro, a enfermeira calças as luvas, passa-as pelos bucais e vai a procura duma mãozinha, eu achava que o teste se fazia no pé e a enfermeira explicou, que dado a prematuridade, teria de ser feito no punho.
Quero poder protege-lo, mas só posso ver através da barreira do vidro que nos separa, a enfermeira faz o que tem a fazer, pica-o no sitio devido, colocando as gotas de sangue no papel para enviar para analise.
Durante este processo, o meu menino, ja valente, não chorou, não ripostou, deixou que fosse feito o que tinha de ser feito, em contrapartida, eu que estava do lado de fora das suas barreiras, mal a agulho entrou pela sua pele, as lágrimas caíram, fiquei estática a ver todo processo, a enfermeira ao ver o meu estado, tentou reconfortar-me dizendo que o trabalho das agulhas, seja ele qual for, por vezes, doí muito mais aos pais, que aos próprio filhos.
O que sei, é que doeu-me...
Isto para dizer, que depois desta primeira vez, tive de assistir a outras centenas delas, vacinas, cateteres, colheitas, técnicas da porcalhota, e afins.
Terça- feira, foi dia de vacina para a Pimpolha, Vacina contra a Gripe e a Pneumo23, sinto que já se encontra cansada dos ambientes de bata branca, ela já não reage tão bem, mais que compreensível, tanto aconteceu desde agosto para cá.
E mais uma vez vi o trabalho que as agulhas laboram, agora posso dar colo, agora posso acalmar, agora posso dizer que vai ficar tudo bem, MAS o que mais me doí, o que mais despedaça o me coração é que AGORA, tenho de conté-la, tenho de impedir que ela se move ou que faça um movimento brusco, antes de poder dar-lhe AMOR, tenho que ser firme ao conter os seus movimentos.
Antes de tudo, peço desculpa, peço para entender que ela não poderia mexer-se, mas nada que lhe diga, me dá conforto.
Não deveríamos ter de fazer isso para administração do que quer que seja, os profissionais de saúde querem a nossa ajuda, entendo e compreendo, mas nós como pais, não deveria-mos ter de passar por esse agonia.
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