Fomos a consulta de rotina de
cardiologia com a Pimpolha, já nos tinham dito que possivelmente
teria de ser, ainda este ano, sujeita a nova cirurgia, tudo indicava
que o Shunt estava a ficar pequeno, nada que não soubéssemos, já
era certo e sabido, pois em termos práticos, ela cresce e o Shunt
não.
Até então, em cada ecocardiograma, as
noticias tinham sido sempre óptimas, tudo estaria a crescer, tudo
parecia estar favorável para uma possível cirurgia reconstrutiva
definitiva, uma noticia deste tamanho, é como poder ganhar o
euromilhões, é saber que afinal a nossa menina teria uma
oportunidade de viver, uma oportunidade de podermos vê-la crescer!
Sabíamos que antes disso teria de
passar por uma nova cirurgia paliativa, outro Shunt, segundo os
médicos, uma oportunidade de dar mais tempo a nossa Pequerrucha para
ganhar forças, suporte físico para aguentar uma operação
complicada, porque “reparar” o seu coração cheio de
“encruzilhadas” não é pêra doce, mas poderia ser feito e
mesmo sabendo todas as complicações que uma operação implica,
havia uma luz ao fundo do poço.
Mas, e infelizmente tenho aprendido,
que há sempre um MAS, nas nossas vidas, na ultima consulta, a médica
esteve reticente, não via aquilo que pretendia, havia algo que não
estava a bater certo.
Disse ela, que sim, ela tinha de fazer
a outra cirurgia paliativa, este ano, o mais rápido possível, a
saturação está baixa, mais ainda aceitável, o Shunt, efetivamente
está tortuoso e pequeno, mas não podemos pensar em nada definitivo
até fazer novos exames.
Eu, convicta que estava tudo bem,
retorqui que sabíamos que ainda não podia ser feito agora, por ser
muito pequenina, conversa de mãe esperançosa, a médica
explica, que não é só isso, e mostra-nos que há um pequeno
problema na eco, não conseguia visualizar correctamente o ramo esquerdo.
Há varias possibilidades para este
facto, ele pode estar num sitio de difícil acesso visual com a eco
ou estar num sitio diferente, pois o coração dela é mal formado, são possibilidades reais, ou então..., pode ter parado de crescer, de desenvolver, como deveria.
Estas ultimas palavras, senti-as como agulhas,
tentei não perder o animo fiz perguntas, as respostas não eram bem
vindas, as soluções eram quase nulas para esta última informação,
não quis fraquejar ali, mas fiquei sem alegria na voz.
Para poder saber o que realmente irá
acontecer, seja para esta operação, seja para o seu futuro, a minha
Pequenina irá realizar um cateterismo, para exploração das suas
artérias e coração, ver qual o tamanho possível para um novo
Shunt, ver o que é feito do seu ramo esquerdo.
O exame já está marcado, a ansiedade
está presente a toda a hora, a todo instante, tento não pensar,
volto a sobrepor o raciocínio ao meu coração, para tentar não
sentir, para tentar continuar a dar o que posso aos meus meninos.
Não quero pensar na fatalidade, mas
ela paira na minha cabeça.
Eu sou mãe de gémeos e quero sê-lo
até morrer!
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