uma data que
nunca irei esquecer, acordo, sinto um pouco de fome e lembro-me que estou a em
jejum, é hoje! Hoje vou finalmente conhecer os meus filhos, ri-me, baixinho
para ninguém ouvir.
A enfermeira, vem ter comigo, explica-me os
procedimentos, então, resumidamente, é fazer um ultimo registo, tirar sangue, e
ao 12H em ponto estar na sala operatória.
Os meus meninos depois saírem de mim,
vão para uma incubadora, que estará pronta para os receber, por uma equipa
medica de pediatras, que estará numa sala mesmo ao lado da minha, para depois
serem levados e passarem por uma sala de espera, onde o meu Homem poderá vê-los
e acompanha-los até a UCEP-Neonatal e sendo uma cesariana, só poderei fazer o
levanto daí a 12h (muita informação duma
vez só, acreditem!).
Ok, assimilei e esperei, entretanto o nervoso miudinho espreitou, chegou o Amor da minha
vida, fixe! Assim não penso naquilo que não devo, la veio novamente a
enfermeira para fazer-me o registo e as colheitas e num ápice se fez horas de
ir conhecer os meus rebentos.
Passo por corredores e corredores, é impressionante a longitude
destes mesmos corredores, chegamos.
Dizem-me que tenho passar por uma
passadeira (isto deitada, claro!) que vou sentir calor e depois frio e assim
foi, é uma sensação indescritível, fiquei na maca onde não tinha espaço para os
meus braços, não podia mexer-me, parecia que ia cair a qualquer momento.
Veio uma enfermeira e a anestesista, ambas se
apresentaram, ambas meigas, por sinal, a enfermeira explicou-me que tinha de
sentar e que iam dar-me a Raqui (uma variante da Peridural), porque nas minhas análises
as plaquetas estavam baixas, em suma, dá-se da mesma maneira e o efeito é o
mesmo, portanto por mim tudo bem.
Também explicou que não podia mexer-me, então
fiz o maior esforço possível para ficar quieta, estava cheia de medo, lembro-me
dum olhar meigo da parte dela, enquanto ela passava o dedo pela minha “pulseira”
do hospital, perguntou-me a idade, disse:
- 29, porquê?
- Pareces muito mais nova (no meio do meu devaneio, a
resposta da enfermeira, fez-me sorrir, sabe bem parecer mais nova!!! Mesmo na situação em que me encontrava).
Eu acho que ela me abraçou para não me mexer, foi tudo
muito rápido, a partir daqui, senti o líquido a percorrer as minhas veias e não,
não é uma sensação agradável!
Deitaram-me, veio as “mini-macas”, para posarem
os meus braços, senti-me desmontável, com tanta coisa a minha volta.
Inspeccionaram a minha intravenosa, acharam que não
estava viável e toca a por outra na outra mão, não vai o diabo apetece-las.
De repente, ouço dois médicos (um senhor e uma
senhora), apresentaram-se, informaram-me que eram eles que iam ajudar os meus
filhos a nascerem, declaram a hora exata, (que não consigo recordar), pediram aos pediatras que estavam na sala
mesmo ao lado para se aprontarem, pois a cirurgia iria começar.
O médico corta a zona abaixo da barriga, a minha
cabeça começa a rodopiar, todos os meus medos apoderem-se de mim, acho que
tenho dor, mas não tenho a certeza, porque não é suposto ter dor!!!
Quero dizer, que sou um pouco pavorosa, mas só consegui
balbuciar:
- Eu sou um pouco…
Ouço e sinto a anestesista a correr:
- Ela está a fazer uma hipotensão!! Rápido!!
Vejo uma mascara por cima de mim, respiro depressa, a
anestesista afaga-me o cabelo ao mesmo tempo que segura a mascara e eu... eu, adormeço
profundamente.
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