Parte 1 Parte 6
Parte 2 Parte 7
Parte 3 Parte 8
Parte 4 Parte 9
Parte 5
Quarta-feira dia 7 de Agosto 2013 (continuação)
Chego a casa, agarro nas pilhas de roupa já lavadas e passadas e enfio tudo nas malas (sim, tive de levar 2 malas uma para mim outras para os meus dois Pimpolhos), li umas 10... não..100 vezes, o folheto dado no hospital com a lista do que seria preciso para a nossa estadia, confirmei outras tantas vezes, (estou em modo automático, para não perder o foco).
O meu Homem liga, diz que tem de acabar o serviço, mais ninguém o pode ir substituir, a boa noticia é que não demora muito, o mais provável é ir ter ao hospital.
Ligo aos meus pais, dou a noticia muito calmamente (calma demais até), disseram que iria correr tudo bem, logo que tenha mais noticia para ligar.
Agarro nas malas, e la vou eu novamente rumo ao hospital.
Dou novamente entrada, uma enfermeiro leva-me para o corredor da dilatação..., pede para eu esperar sentada..., vai ver o que os médicos decidiram fazer.
Continue em modo automático, não penso sequer, senti-me tal uma estátua.
Um médico, cabelo branco, cinquentão, aproxima-se e pergunta do que estou a espera, mal abri a boca para responder, a enfermeiro volta e sobrepõe-se a minha voz que não saia da garganta e diz:
- É a mãe dos gémeos
O medico olha para mim, com uma ternura, que nunca me vou esquecer, afaga-me o rosto e diz com uma voz doce:
- Não esteja assim, preocupada, os prematuras são quase sempre os mais robustos, eles parecem tão frágeis e depois mostram-nos que são uns lutadores.
O meu modo automático foi abaixo, as lágrimas correm tão depressa pelo o meu rosto, os soluços aparecem do nada, a minha cabeça estava de novo as voltas, imagens, pensamentos, perguntas, muitas perguntas!!!
Uns 10 mn depois, volto a controlar os meus sentimentos, ligo o automático, a lógica volta a sobrepôs-se ao coração, a enfermeira aproxima-se e explica, que tem de me monitorizar e tem de colocar uma intravenosa, para a medicação, entretanto um medico virá explicar o que resolveram na reunião.
Abanava a cabeça ao que me perguntavam, tentava parecer o mais serena possível, acabei por me rir quando tentaram colocar a intravenosa, porque mal senti a enfermeira a picar, puxei a mão para trás, um gesto inato, que fez a enfermeira rir as gargalhadas pela a minha cara do espanto por ter feito aquilo.
A médica veio ter comigo, pergunta se tinha percebido o porquê de terem de apressar o parto, disse que tinha percebido que um dos meus bebés estava a roubar a comida ao outro, a médica confirmou a situação, explicou que nesta fase da gestação eles basicamente crescem e ganham pelos/cabelos e engordem, essas coisas podem-nas fazer cá fora numa incubadora sem qualquer problema, explicou também, que o mais problemático seria os pulmões, que ainda não estão completamente desenvolvidos, então na reunião, decidimos esperar mais 2 dias para os gémeos nascerem, para administrar um medicamento por via intramuscular, que acelera a maturação dos pulmões, a toma desta medicação, implica duas doses com um intervalo de 24h.
Também disse que alem de comer normalmente, iria estar sempre a soro, para dar mais alimentos aos bebes.
As perguntas saltavam na minha cabeça, as mais predominantes, eram sempre as mesmas, e eles? vão ficar bem? Eles não vão sofrer??? A resposta também era sempre a mesma, eles são mais forte do que pensas.
Fiquei então internada, para fazer a maturação dos pulmões dos meus pequenotes, claro que nesse entretanto o meu Homem chegou, mas não pode ficar comigo, porque ainda me encontrava na sala de dilatações, onde estão gravidas a "sofrer" até a dilatação estar completa, portanto esteve comigo durante um tempo a dar-me mimos, depois foi para casa, pois só iria ter cama no internamento ao inicio da noite, ahhhh... senti-me tão sozinha!!!!!
A partir daí, o meu modo automático ficou sempre ligada, a lógica sobrepôs-se, daí em diante, sempre ao coração.
Continua...
Sem comentários:
Enviar um comentário